| Ilse Rodrigues Garro |



Ilse Rodrigues Garro - Catadora de Folhas / Olhos Portugueses - 61 pág./49 pág.

A poesia foi um dos primeiros encantamentos causados por essa poeta, que vem confirmar, com um poderoso e ativo lamento, que a Arte é mulher. Ilse cria com habilidade, sofisticação, malícia e delicadeza a banalidade surpreendente, a fúria na acusação, o erotismo carnudo, o carinho, a carícia... São muitas as nuances dessa poesia que me arrebatou na primeira leitura e que, depois de alguns anos de distância, ficou definitiva na minha história. Bendita seja a incapacidade analítica causada pelo alumbramento de uma poesia como Roda-gigante, que nos faz acreditar piamente que a alegria de uma menina é capaz de bulir com as estrelas. Bendito seja o susto com um quase final causado pelo poema Banana, que tem como primeiro verso “Comia banana agachado nos pés” e termina com “Comia banana”. A poesia de Ilse é cruel, lírica, melancólica, de amor, de bicho.

Caros leitores, a viagem e o encantamento estão garantidos. Deixai que a gota de sorvete pingue em vossas coxas: o arrepio e o prazer serão o melhor aplauso para essa grande poeta.

(Antonio Calloni)